Metodologia pedagógica

A metodologia que utilizámos a nível educativo tem por base o trabalho de Projetos, uma vez que esta perspetiva vem permitir uma ação flexível e aberta que assente na globalização das diferentes áreas do conteúdo. Na verdade, Vigotsky (1978) defende que o"trabalho de projeto, projeta as crianças para além do seu próprio desenvolvimento", respeitando e confiando nas capacidades e potencialidades das mesmas. È importante referir que o educando é um "feixe de potencialidades" (Santos cit in Simões, 2004: 11) e a educação surge, então, como um jogo de reciprocidade em que o educador deve estar atento e aberto ao previsível e imprevisível do educando. A criança, hoje, deve ser vista como o sujeito e não como objeto do processo educativo.

Neste sentido, esta metodologia vem prever a concretização de projetos que surjam do interesse de uma ou de várias crianças e também das necessidades constatadas pelo educador. As crianças são vistas como agentes dinâmicos na construção do seu conhecimento, tendo um papel ativo em todo o processo educativo. Na realidade, acreditamos que uma sala que favorece esta metodologia está, efetivamente, a criar espaço e momentos de oportunidade para que o educando reflita sobre as experiências que vivencia e avalie o processo e o produto das suas próprias aprendizagens, assim como os seus conhecimentos construídos. De realçar que as aprendizagens devem partir daquilo que a criança e o grupo já sabe, ou quer saber/conhecer/explorar, onde é importante valorizar sempre os seus saberes e conhecimentos.

Segundo Teias (cit in Leite, 2000:35), o trabalho por projeto "parte de atividades pedagógicas assentes em estratégias democráticas de participação, onde efetivamente os/as alunos/as tomam decisões e sugerem atividades na sala e na escola que ajudam a fazer a ponte entre o saber e a experiência, entre o conhecimento do quotidiano e o conhecimento escolar, ambos considerados igualmente relevantes para a construção da aprendizagem.".

Este método de trabalho visa, inquestionavelmente, a participação de cada criança, dos educadores na construção de saberes significativos e funcionais, criando a oportunidade de produzir e melhorar as relações na sala e no grupo, fomentando, ainda, atividades de aprendizagem cooperativa e partilhada. De facto, esta metodologia tende a favorecer "a existência de condições para o desenvolvimento de relações positivas entre os alunos e professores, para além de desenvolver competências de cooperação e de promover, no grupo, a reflexão e a avaliação" (Leite, 2001: 37).

Assim, numa sala em que é privilegiada esta metodologia, está-se a estimular a criança a pensar (Simões, 2004:9), a analisar as situações que lhe ocorrem, a planear uma estratégia de resolução de problemas, a avaliar o processo e o produto das suas aprendizagens e refletir sobre todos os seus conhecimentos e os dos outros. Fomenta-se também a aprendizagem cooperativa, na qual se abordam e se vivenciam competências sociais (trabalho de equipa, tomada de decisões, gestão de conflitos, ...).

A pedagogia por projetos assume-se como currículos "abertos" que privilegiam o "continnum de experiências" (Denley cit in Teresa Vasconcelos, s.d: 20), isto é, nas experiências refletidas, as quais dão origem a experiências mais ricas e elaboradas. Tendo presente a já referida Metáfora da Viagem, o educador é, então, o companheiro experimentado que, com os restantes viajantes, planeia, organiza e avalia cada passo, no sentido de o reformular. Torna-se assim o responsável por proporcionar a todas as crianças, instrumentos para que a viagem se torne numa "aventura rica, fascinante e memorável" (Kliebard, 1975: 85), sendo este próprio influenciado e modificado por essa viagem. É sobretudo a Pedagogia da Escuta.